Inadimplência com cheques cresce em novembro
O número de cheques sem fundo disparou em novembro. Nesse mês, houve a devolução de 2,19% do total emitido, maior percentual desde julho de 2009, segundo dados de pesquisa da Serasa Experian. É mais do que em outubro, quando o levantamento registrou 1,92% de devoluções, e 30% acima do índice (1,68%) de novembro de 2010.
O dado do estudo, assim como outros indicadores recentes, mostra o aumento de inadimplência e justifica a preocupação dos consumidores em pagar dívidas neste fim de ano. Outra pesquisa, feita pela empresa APPM, aponta que mais da metade (55%) dos paulistanos vai quitar débitos e percentual menor (52%), além de direcionar recursos para esse fim, também vai gastar com compras de presentes.
Segundo o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, o número de cheques sem fundo tem crescido em novembro, há quatro anos, também por causa de compras feitas no Dia das Crianças, em outubro. “O consumidor tem dificuldade de controlar o pré-datado; lembra da primeira parcela e depois, muitas vezes, esquece”, afirma.
Outro problema, de acordo com o economista, é que estabelecimentos menos organizados só pedem identidade e não fazem análise de crédito, para saber se o consumidor terá como arcar com as prestações.
A Serasa aponta que o volume de cheques sem fundos também cresceu na comparação entre os acumulados do ano. De janeiro a novembro, houve 1,95% de devoluções, ao passo que em igual período do ano anterior, o percentual registrado foi de 1,77%.
No entanto, Almeida sublinha que, apesar de elevada, o índice ainda está em nível baixo perto do indicador geral de inadimplência (7,1%) apurado pelo Banco Central.
DÍVIDAS – O estudo da APPM aponta que a prioridade é arcar com dívidas com cartão de crédito (47%). Depois, aparecem contas de consumo, como luz, gás, água, telefone, escola, plano de Saúde ou aluguel (20%). Empréstimos e crediários também foram lembrados por 6% dos entrevistados. Outros débitos citados foram os financiamentos de carros e de casas e o limite do cheque especial.
O analista da pesquisa, Pedro Iemma Meira, assinala que os mais jovens, de 16 a 24 anos, são os que mais pensam em comprar presentes (64% do total) ou itens para si (67%), enquanto os de 25 a 44 anos estão mais focados em pagar dívidas (63%). “Quem tem 24 anos hoje, tinha 7 anos no lançamento do Plano Real (em 1994), e já está acostumado com a estabilidade, enquanto os mais velhos são mais cautelosos”, avalia.
Cartões de crédito lideram contas em atraso
Levantamento realizado pela Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção de Crédito, aponta que os inadimplentes possuem em média 2,4 contas em atraso, por causa do não pagamento de cartões de crédito (64,1% das pessoas) ou empréstimos pessoais (32,6%). Cheque especial aparece na sequência, com 16,3%, seguido por cheques sem fundos (15,8%) e cartão de loja (15,3%).
Ainda segundo o estudo, 46,2% dos entrevistados afirmaram que as dívidas não pagas foram as compras relacionadas com alimentação como, por exemplo, supermercados; 35,2% responderam que suas dívidas são oriundas das compras de vestuário e calçados e 18,5% atribuíram as contas de concessionárias como responsáveis pelas restrição.
Além disso, 38,8% dos entrevistados declararam que as dívidas aumentaram em 2011; 36,5% disseram que diminuíram e 24,5% afirmaram que estão iguais.
A cada 17 segundos, há uma vítima de tentativa de fraude
Neste fim de ano, época em que os consumidores vão, em massa, às compras, e em que cresce a movimentação do comércio, aumenta também a tentativa de fraudes, segundo especialistas. Por isso, é preciso atenção redobrada para não ser vítima de golpes. Levantamento da Serasa mostra que, a cada 17 segundos, um consumidor brasileiro é vítima da fraude conhecida como roubo de identidade, em que criminosos usam dados pessoais das vítimas para obter crédito com a intenção de não honrar pagamentos ou realizar negócios sob falsidade ideológica. O estudo da empresa de informações de crédito aponta ainda que, de janeiro a outubro, 1,54 milhão de tentativas de golpe desse tipo foram registradas no País. Se todas tivessem sido realizadas, o prejuízo total estimado seria de R$ 5,7 bilhões no período.
Os dados mostram que os consumidores que tiverem seus documentos roubados estão mais suscetíveis às fraudes. Com apenas uma carteira de identidade ou CPF nas mãos de golpistas, dobra a probabilidade de a pessoa ser vítima de ações de criminosos.
Com isso, é importante adotar cuidados simples como não dar informações pessoais a terceiros, ter antivírus atualizado no computador, tomar cuidado com e-mails que oferecem sorteios e promoções e também não abrir arquivos anexos de e-mails desconhecidos.
Fonte: Diário do Grande ABC