Sistema bancário continua sólido e preparado para eventuais choques, diz relatório do BC
Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O sistema bancário brasileiro demonstra solidez e se encontra preparado para enfrentar eventuais choques, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao primeiro semestre deste ano, divulgado hoje (2) pelo Banco Central (BC).
Publicação semestral que descreve a evolução recente do sistema financeiro nacional (SFN), o relatório diz que os testes de estresse na rede bancária demonstram que “o capital regulamentar permaneceria elevado em todos os cenários analisados, inclusive nos que envolvem choques abruptos ou extrema deterioração da situação macroeconômica”.
Segundo o BC, os riscos para a estabilidade financeira global continuaram altos no primeiro semestre, com aumento também da volatilidade (incertezas) nos mercados financeiros internacionais. O relatório ressalta, no entanto, que o quadro não compromete a liquidez disponível no mercado doméstico, que permitiu a expansão da carteira de crédito e o crescimento dos ativos líquidos do SFN.
O crescimento da carteira de crédito manteve, porém, a tendência de desaceleração verificada desde o início do ano passado e converge para um ritmo “mais sustentável” no longo prazo, de acordo com o relatório. A inadimplência, por sua vez, apresentou elevação no semestre, com reflexos no aumento das despesas de provisão e na redução do lucro líquido.
O relatório do BC destaca, contudo, que o crescimento da massa salarial, a recuperação da atividade econômica e a transmissão da redução da taxa básica de juros para as taxas bancárias tendem a melhorar a capacidade de pagamento das famílias e das empresas, de modo a contribuir para a redução da inadimplência.
O BC ressalva, ainda, que o cenário externo continua sendo acompanhado, a fim de evitar que eventual deterioração da crise internacional afete negativamente a economia doméstica. Nesse contexto, com vistas a preservar a solidez e a eficiência do SFN, a autoridade monetária reafirma política de aperfeiçoamento de sua estrutura regulatória e de supervisão.
O diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, disse que a expansão do sistema bancário, com mais oferta de crédito, é decorrência natural do aumento da base de capital, decorrente da incorporação de lucros e da captação de dívidas subordinadas. Com isso, o Índice de Basileia aumentou de 16,3%, no segundo semestre de 2011, para 16,4%, no primeiro semestre deste ano – bem acima, portanto, da exigência mínima nacional de 11%.
“A expansão da base de capital foi maior que a exposição aos riscos ligados à atividade bancária”, segundo Meirelles, embora as incertezas no cenário econômico internacional tenham continuado “acima do usual”; principalmente por causa do impasse político na Grécia, dos sinais de fragilidade do sistema bancário espanhol, da baixa atividade econômica nos Estados Unidos e na China e do crescente risco de recessão nos países da zona do euro.
Edição: Lana Cristina