Cresce 41% dos créditos em cima do cheque especial
O volume de crédito concedido pela Caixa Econômica Federal na região cresceu 30,9% entre janeiro e setembro sobre o mesmo período de 2010. O banco emprestou para os consumidores R$ 649,32 milhões, contra R$ 495,92 milhões do ano passado. O resultado mostra que os 278.672 donos de contas-correntes na instituição na região estão em ritmo acelerado de demanda de crédito. No entanto, 41% do montante emprestado foi por meio de uma das modalidades mais caras, o cheque especial.
Segundo a superintendência regional da Caixa, os clientes do Grande ABC contrataram, nos primeiros nove meses, R$ 269 milhões pelo especial. O valor foi 31,4% maior do que em igual período do ano passado. E segundo o superintendente regional em exercício, Rafael Arcanjo, o crescimento da modalidade reflete nova estratégia da instituição para fortalecer a oferta de crédito pelo cheque especial. “Aumentamos o limite que oferecíamos para os clientes”, disse o executivo.
No entanto, Arcanjo reconhece que a linha de crédito tem custo bem engordurado para os clientes. Mas como forma de proteger os clientes de possível inadimplência e ao mesmo tempo minimizar a taxa de risco da instituição, Arcanjo explicou que a expansão do limite do cheque especial, na média, não ultrapassa o valor da renda mensal do correntista.
O cheque especial está listado entre uma das modalidades mais caras do Sistema Financeiro Nacional. Pesquisa realizada mensalmente pela Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabilidade apontou que a taxa média do especial estava em 8,21% ao mês em outubro. Era o terceiro percentual captado pela Anefac para o consumidor, atrás apenas das médias dos empréstimos de financeiras (8,94%) e cartão de crédito (10,69%).
Isso ocorre pelo risco que oferece aos bancos, tendo em vista que as instituições não têm garantias de que o contratante liquidará sua dívida. Em entrevista recente à equipe do Diário, o professor de Finanças da Universidade Municipal de São Caetano José Ricardo Escolá de Araújo, que também é consultor da Federação Brasileira de Bancos, disse que basicamente os juros do especial compensam a inadimplência. Enquanto dez clientes usam o especial, e quatro deles não pagam, os outros seis bancam as dívidas do grupo com os juros.
Por outro lado, a facilidade do crédito, que é pré-aprovado na maioria das instituições e é utilizado como extensão da conta bancária, gera impulso no volume concedido pela modalidade.
O Banco Central aponta, no boletim de operações de crédito, que entre janeiro e setembro, os principais bancos do País liberaram cerca de R$ 654,25 bilhões de crédito com recursos livres, ou seja, que não são vinculados a programas públicos e sem limites para taxas de juros. Deste montante, 34,1%, ou R$ 223,49 bilhões são em cheque especial. Para ter noção da grandeza do resultado, o BC aponta que as concessões de empréstimos pessoais atingiram R$ 133,51 bilhões nos nove meses. E de financiamentos de veículos chegaram a R$ 75,82 bilhões.
Fonte: Diário do Grande ABC