O remédio mais fácil é o juros
Ao fim de cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, é praxe esperar pelo coro dos reclamantes. Se os juros básicos (Selic) sobem, é quase oficial abrir espaço na imprensa para as queixas dos representantes da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que geralmente reclamam do custo de produção e do risco de desemprego. Já se os juros caem, o caminho é ouvir a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que alerta para o risco da volta da inflação.
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é o índice de remuneração dos títulos públicos brasileiros. Quando precisa fechar seu balanço fiscal, o Brasil vende papéis no mercado. Recebe na hora um recurso e promete devolvê-lo com juros. Quando alguém compra um desses títulos por R$ 100, por exemplo, ao fim de um ano, com a Selic a 8%, a pessoa, ou instituição, pode resgatar esse título por R$ 108. Por isso que é a Selic que determina o tamanho da dívida do país. Quanto maior a taxa, mais o governo precisa pagar de juros pelos papéis emitidos.
Embora poucas operações sejam baseadas na Selic, o mercado costuma seguir a tendência de alta ou queda de juros estabelecida pelo governo. Dessa forma, além de interferir no tamanho da dívida (hoje acima de US$ 1 trilhão), a Selic é o instrumento do governo para controlar a intensidade da atividade econômica e controlar a inflação. O movimento básico é o seguinte: se a economia está muito aquecida e a inflação escapulindo da meta, os juros sobem. Quando o nível de atividade econômica ainda tem espaço para crescer, os juros caem. A meta de inflação do BC é de 4,5% ao ano.
Segundo o economista Celso Grissi, há outras formas de se controlar a inflação, mas elas são mais complexas, demoradas e com custos sociais e políticos maiores. “Seriam a redução dos gastos públicos, a apreciação cambial da moeda local ou o reajuste dos salários abaixo do PIB”, completa.
Fonte: O Tempo